Metodologia adotada para a construção do projeto universitario da UNILA

Eliane-Terezinha Vieira-Rocha*

 

Resumo

Este artigo pretende reconstituir o apoio pedagógico para a elaboração do projeto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), junto a Comissão de Implantação da UNILA1 com base em metodologia desenvolvida para acompanhar as diferentes fases da construção dos principais eixos temáticos da nova universidade. O processo envolveu a participação dos membros da referida Comissão com o objetivo de estruturar gradativamente essa elaboração coletiva. A metodologia do trabalho se inspirou no modelo de Huberman e Miles (1991) em que a coleta, o tratamento, a apresentação, interpretação e validação dos dados se dá de forma espiral e simultânea ao processo de elaboração.2 Segundo a metodologia adotada partiu-se de uma questão desencadeadora na primeira reunião do grupo, buscando identificar em termos genéricos o conceito de uma “universidade ideal”. Este exercício, respondido individualmente pelos participantes a partir da visão pessoal sobre o que pensavam preliminarmente sobre a UNILA, permitiu desencadear um processo reflexivo fundamental para as etapas posteriores.

Palavras-chave: educação superior, América Latina, aprendizagem organizacional, comunidades de aprendizagem, integração regional, projetos educativos, metodologias, universidades públicas.

 


Metodología adoptada para la construcción del proyecto universitario de la UNILA

Resumen

Este artículo pretende describir el fundamento pedagógico utilizado para la elaboración del proyecto de la Universidade da Integração Latino-Americana (UNILA) por parte de la Comisión de Implantación de UNILA, con base en la metodología desarrollada para acompañar las diferentes fases de la construcción de los principales ejes temáticos de la nueva universidad. El proceso contó con la participación de los miembros de la referida comisión con el objetivo de estructurar gradualmente esa elaboración colectiva. La metodología del trabajo se inspiró en el modelo de Huberman y Miles (1991) en el cual la recolección, el tratamiento, la presentación, interpretación y validación de los datos se da en forma de espiral y simultánea al proceso de elaboración. Según la metodología adoptada, se partió de un punto desencadenador en la primera reunión del grupo con el objetivo de identificar en términos genéricos el concepto de “universidad ideal”. Ese ejercicio, con una respuesta individual de los participantes, a partir de su visión inicial sobre la UNILA, permitió desencadenar un proceso reflexivo fundamental para las etapas posteriores.

Palabras-clave: Educación superior, América Latina, aprendizaje organizacional, comunidades de aprendizaje, integración regional, proyectos educativos, metodologías, universidades públicas.

 


Methodology Applied in the Construction of the UNILA University Project

Abstract

This article aims to rebuild the pedagogical support for preparing a project for the Universidade Federal da Integração Latino-Americana and UNILA’s Implantation Commission, based on a methodology developed to accompany the different phases of structuring the key topics for the new university. The process required the participation of members of the Commission, with the aim of gradually structuring this joint development. The method of work was inspired on the Huberman and Miles model (1991) in which the gathering, treatment, presentation, interpretation and validation of data is done in a spiral process, and is simultaneous to the elaboration process. Following this method, the starting point in the group’s first meeting was a generating question that sought to identify the concept of an “ideal university” in generic terms. This exercise, performed individually by participants that began from a personal vision of what each one preliminarily thought of the UNILA, gave rise to a reflexive process that was fundamental for later stages.

Key words: higher education, Latin America, organizational learning, learning communities, regional integration, educational projects, methodologies, public universities.

 

Recepción: 7/1/11. Aprobación: 27/3/11.



Introdução

Inicialmente se abordará a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e sua missão institucional, como parte das políticas educacionais do Governo Federal, que desenvolveu forte expansão das universidades públicas federais no Brasil. A contextualização da UNILA será apresentada, em linhas gerais, com o objetivo de permitir a melhor compreensão da metodologia adotada para a construção desse projeto universitário inovador. Em seguida se focará as etapas do processo de elaboração, apresentando as perspectivas teórico-metodológicas e exercícios que permitiram avançar de uma visão de universidade ideal para a definição de seus eixos estruturantes. As formas de coleta, tratamento e análise dos dados são descritas para permitir ao leitor acompanhar todos os passos da operacionalização do dispositivo metodológico, culminando no final do artigo com a descrição do perfil da nova universidade na visão dos seus construtores.

 

UNILA: um projeto universitário inovador

Problemática da elaboração de um projeto universitário inovador

As universidades na sociedade do conhecimento estão cada vez mais desafiadas a desempenhar múltiplos papéis, impulsionadas pelas demandas científicas, tecnológicas e sociais. Sua missão acadêmica tende a se diversificar na medida em que o foco deixa de ser apenas o ensino e a pesquisa multiplicando-se em outras funções que repercutem no seu perfil acadêmico e institucional. Esses fatores levaram Altbach (2008) a questionar-se sobre quais são as funções da universidade para o século XXI e como essas mudanças podem afetar sua missão acadêmica. Suas indagações são reveladoras de uma situação mais complexa das universidades que, nas ultimas décadas tem sido objeto de estudo de organismos internacionais (UNESCO, OCDE, Banco Mundial) em diferentes perspectivas analíticas. Observa-se que as universidades são confrontadas em seu quase monopólio da transmissão e geração de conhecimento de forma mais desafiante do que em qualquer outra época de sua história. Na União Européia, desde o Relatório Atalli e nos documentos do processo de Bolonha, questiona-se a diversidade dos níveis universitários europeus comparados com os dos Estados Unidos e as universidades enfrentam transformações significativas em suas estruturas de formação graduada e pós-graduada. Agregue-se a isso a crise do financiamento das universidades públicas e a diversificação institucional através da expansão das instituições privadas, especialmente na América Latina.

Para Clark3 a universidade precisa inovar, o que requer um esforço voluntário na construção da instituição que exige atividade e energia especial. Numa posição proativa voltada para o futuro, a universidade deverá estar disposta a enfrentar os riscos e promover as mudanças necessárias em sua instituição. Em sua avaliação, as universidades estão submetidas a grandes contradições “deben mantener como siempre la extensa herencia cultural, le mejor del pasado, pero deben desarrolar rápidamente y con  flexibilidad nuevas áreas de estúdio y modelos de pensamiento; resolver a las demandas de todos porque todos tienen expectativas”. Isso requer um ponto de atenção que permita a elas superar a falta de equilíbrio instalada definindo novamente seu valor e papel dentro da sociedade, e preparando-se para lidar com as incertezas que desafiam a educação superior contemporânea (Clark, 2000:271).

O principal desafio que enfrentam as universidades é mudar suas estruturas na perspectiva de sua transformação institucional para que possam responder aos desafios atuais. Clark em sua pesquisa buscou “determinar como cada universidade havia realizado a mudança de suas práticas [... e] identificar estratégias comuns de transformação”. Observa que para produzir transformações institucionais “as universidades requerem não somente uma capacidade mais ampla para responder as mudanças em contextos externos de governo, empresas, vida cívica, como também uma habilidade mais precisa para controlar as demandas mediante uma maior concentração de caráter institucional” (ibid.). Esse diagnóstico decorre do fato de que “as universidades modernas desenvolvem um inquietante desequilíbrio em seus ambientes. Estas enfrentam uma sobrecarga de demandas e tem falta de capacidade de resposta [... e] correm o perigo de ficarem em uma etapa de permanente desequilíbrio” (ibid.).

Clark recomenda “o conceito de universidade enfocada que concluímos para um tipo de caráter institucional que cada vez mais as universidades necessitarão para um desenvolvimento sustentável. Em cenários cada vez mais turbulentos, as universidades podem-se fortalecer a medida em que desenvolvam capacidades para resolver problemas construídos em torno de enfoque flexível” (ibid.: 24). E conclui que quando as universidades “enfrentam a complexidade e a incerteza terão que afirmar-se com novas formas de interação ambiente-universidade”, sem “nunca” renunciar “os valores educativos fundados nas atividades de pesquisa, ensino e estudo” (ibid.: 242).

Enquanto instituição social, a universidade somente realizará plenamente sua missão acadêmica e social se for capaz de gerar equilíbrio dinâmico entre relevância social, qualidade acadêmica e equidade. Neste sentido a Carta Magna de Bolonha, resultante do colóquio internacional comemorativo aos 700 anos da mais antiga universidade européia, definiu de forma lapidar o conceito genérico: “A Universidade, organizada diversamente por condições geográficas e históricas, é a instituição autônoma que, de modo critico, produz e transmite cultura através do ensino e da pesquisa”.

As novas universidades que estão sendo criadas no século XXI têm uma responsabilidade ainda maior, de conceber sua missão projetando suas estruturas acadêmicas e administrativas compatíveis com seu desenho institucional inovador. No caso brasileiro, a UNILA, como nova instituição deve buscar ser “a expressão de uma sociedade democrática e pluricultural, inspirada nos ideais de liberdade, de respeito pela diferença e de solidariedade, mas que se constitua numa instância de consciência crítica em que a coletividade encontre seu espaço para repensar suas formas de vida e suas organizações sociais, econômicas e políticas” (Trindade, 2008: 600).

No Brasil, a importância estratégica da educação contrasta com o quadro brasileiro que enfrenta ainda hoje o maior desafio em termos latino-americanos: o nível de acesso é um dos mais baixos do continente (11% da faixa etária 18-24 anos) e a proporção de estudantes nas instituições públicas reduziu-se, representando menos de 25% do total, tornando-se o peso da matrícula nas instituições privadas, um dos mais altos da América Latina (75%). Diante desse quadro, como decorrência de uma política governamental que estabelece como estratégia a criação de novas universidades com inclusão social, foi encaminhado ao Congresso Nacional, um Projeto de Lei para a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), vinculada ao Ministério da Educação, instituição situada na tríplice fronteira –Brasil, Argentina e Paraguai.

Concebida como uma universidade que deverá enfrentar grandes desafios, dentre os quais a superação das desigualdades e a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável, capaz de conciliar crescimento econômico com justiça social e equilíbrio ambiental, a UNILA se propõe a: “ampliar o acesso à educação e ao conhecimento; ao fortalecimento das bases culturais, científicas e tecnológicas de sustentação do desenvolvimento e ampliando a participação do País no mercado internacional, preservando os interesses nacionais; e à promoção dos seus valores, intensificando o compromisso do Brasil com uma cultura de paz, solidariedade e de direitos humanos no cenário internacional” (MEC, 2007).

Consciente do papel estratégico da educação superior no fortalecimento de uma região que aspira ocupar um lugar relevante na divisão internacional do conhecimento faz-se imprescindível o compartilhamento solidário do saber e da tecnologia com os demais países latino-americanos. Daí decorre a missão da UNILA, expressa na Exposição Interministerial de Motivos (MEC, 2007) ao Projeto de Lei aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados e Senado, em 16 de novembro de 2009, a de desenvolver uma integração solidária através do conhecimento, fundada no reconhecimento mútuo e na equidade.

As atividades da nova universidade devem pautar-se na pluralidade de questões e enfoques, liberdade de pensamento, pluralismo de ideias, comprometidas com a busca de soluções para os problemas latino-americanos, buscando enfrentar problemas de interesse comum através do acesso livre ao conhecimento, com vistas à integração solidária entre países, regiões, instituições, professores e alunos, segundo alguns princípios fundamentais e comuns nos planos acadêmicos, ético e político. Esses princípios compreendem a liberdade de ensino e pesquisa numa cultura acadêmica que valorize a interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a inter-relação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, favorecendo o aprofundamento das relações culturais, políticas e tecnológicas em todos os níveis; a valorização da cultura, da história e da memória latino-americana, respeitando as identidades culturais, religiosas e nacionais e promovendo intercâmbios e cooperação com solidariedade na lógica da integração.

A “defesa da vida e do meio ambiente; a valorização e o aprofundamento da democracia e de suas práticas participativas e cidadãs; o desenvolvimento de uma cultura de alocação de recursos e de gestão acadêmica, priorizando os objetivos regionais e necessidades sociais; a abertura de suas atividades à sociedade civil em nome da equidade, da relevância social e da busca de soluções práticas a problemas comuns” (MEC, 2007) constituem outros princípios que norteiam a missão da nova universidade.

Conforme se verifica no artigo 2º do texto da Lei num. 12.189 de 12 de janeiro de 2010, a nova universidade brasileira terá um perfil singular e tem entre os seus objetivos: “ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensão universitária”. Em seu parágrafo primeiro estabelece sua área de abrangência, forma de atuação e sua vocação latino-americana:

1°. A UNILA caracterizará sua atuação nas regiões de fronteira e com vocação para o intercâmbio acadêmico e cooperação solidária, com países integrantes do Mercosul e os demais países da América Latina. Esta integração se realizará pela composição de corpo docente e discente proveniente não só das várias regiões do Brasil, mas também de outros países e do estabelecimento e execução de convênios temporários ou permanentes com outras instituições da América Latina.

Em seu parágrafo segundo estabelece que os cursos ministrados na UNILA sejam preferencialmente em áreas de interesse mútuo dos países membros do Mercosul, com ênfase nas seguintes temáticas: “exploração de recursos naturais e biodiversidades transfronteiriças, estudos sociais e linguísticos regionais, relações internacionais e demais áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento regional” (Lei..., 2010).

A composição do quadro discente e docente da UNILA reflete seu caráter democrático ao abrir equitativamente o espaço para brasileiros e estrangeiros, impulsionando o conhecimento compartilhado e a cooperação solidária. Ela tem como meta atingir o número de 10 000 estudantes nos cursos de graduação, mestrado e doutorado nos próximos anos e de 500 professores, oriundos de diversos países da região, sendo que seus cursos serão ministrados em língua portuguesa e espanhola, respeitando a inter e a multiculturalidade.

A formação na UNILA estará centrada no aluno e a relação entre docente e discente se dará através de um sistema de tutoria numa “associação estreita entre saber como os alunos aprendem e o que fazer para ajudá-los a aprender melhor” (Ausubel, 1968). A aprendizagem é vista como um processo ativo de construção do conhecimento (Desgagné, 1994, 1997; Goodlad, 1983; Harris, 1993; Kline, 1998; Mitchell e Sackney, 2000) e se dará a partir da resolução de problemas sobre temas comuns e pertinentes para os países da América Latina. Nessa perspectiva, o docente deverá criar condições que levem a uma aprendizagem efetiva por parte dos alunos (Saint-Arnaud, 1993; Hensler, 1998; Sternberg, 1998; Schôn, 1996) desenvolvendo competências básicas para o aprendizado contemporâneo e estratégico, dentre os quais as enunciadas por Bernheim e Chauí (2008: 34):

capacidade reflexiva e crítica; de solução de problemas; de adaptação a novas situações; de seleção de informações relevantes nas áreas de trabalho, cultura e exercício da cidadania, que lhe permite tomar decisões corretas; de continuar aprendendo em contextos de mudança tecnológica e sociocultural acelerada com a permanente expansão do conhecimento; de buscar espaços intermediários de conexão entre os conteúdos das várias disciplinas, de modo a realizar projetos que envolvam a aplicação de conhecimentos ou procedimentos próprios de diversas matérias; de apreciar a leitura e a escrita, o exercício do pensamento e a atividade intelectual [...].

Enquanto projeto universitário para a América Latina, a UNILA iniciou as principais etapas do processo de elaboração de seu desenho acadêmico e institucional em março de 2008, quando a Comissão de Implantação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana4 foi instalada pelo Ministro da Educação Fernando Haddad, no Salão de Atos do MEC. A missão atribuída à referida Comissão foi a de realizar estudos e atividades para o planejamento institucional, a organização da estrutura acadêmica e curricular e a administração de pessoal, patrimônio, orçamento e finanças, visando atender os objetivos estabelecidos no Projeto de Lei de criação da UNILA (art.2º). O insucesso verificado em algumas experiências que visavam à construção de instituições inovadoras ao longo de nossa história e que resultaram na perda de seu objetivo fundamental, exigiu da comissão um olhar ora voltado para o que deveria ser uma universidade para o século XXI, ora para nossas referências passadas sem esquecer, no entanto, a contemporaneidade.

Nesse contexto, tornou-se crucial pensar numa metodologia diferenciada que permitisse conduzir um processo reflexivo na construção de um modelo universitário inovador. A composição de uma equipe heterogênea para realizar tal trabalho requereu a criação de um ambiente favorável e a adoção de dinâmicas específicas que permitissem a todos colaborar qualitativamente para atingir os propósitos almejados. Isso foi possível com a adoção da perspectiva da aprendizagem pela ação, que abordaremos a seguir.

 

Perspectiva teórico-metodológica

Situação e centralidade da aprendizagem pela ação

Experiências desenvolvidas no campo da aprendizagem pela ação, encontradas na literatura, têm demonstrado a eficácia dessa corrente de pensamento na resolução de problemas, elaboração de políticas educacionais, formação de gestores, construção de projetos inovadores, desenvolvimento individual, de grupo ou da organização (Dotlich e Noël, 1998; Rothwell, 1999; Dean, 1998). Em todas essas circunstâncias, esse processo se desenvolve num ambiente de autonomia, confiança, respeito e ajuda mútua manifestada nos momentos de trocas entre os participantes e orientada por um processo reflexivo (reflexão e investigação) sobre o objeto investigado.5

Os diferentes modelos de aprendizagem pela ação (Argyris, 1985) se apresentam ora numa perspectiva de aprendizagem em pequenos grupos, que visa o desenvolvimento individual e coletivo, ora da organização que aprende que visa o desenvolvimento institucional ou organizacional. É dentro dessa segunda perspectiva6 da organização que aprende (DiBella e Nevis, 1998; Senge, 1999, 2002), que se encontra o modelo que nos guiou nas primeiras discussões.

 

A perspectiva da organização que aprende

E pertinente começar este assunto fazendo uma distinção entre dois conceitos que portam sobre o desenvolvimento das organizações, seja da aprendizagem organizacional e da organização que aprende. Estes conceitos são encontrados com frequência na literatura e apesar de sua similaridade semântica, cada um possui características distintas. Para DiBella e Nevis (1998) “a aprendizagem organizacional é um termo utilizado para descrever certos tipos de atividades ou de processos que podem se dar em qualquer nível organizacional (individual, grupo ou organização) ou ainda estando inerente a um processo de mudança organizacional”. A organização que aprende por sua vez é um conceito de nível sistêmico com características particulares para uma organização ideal. Ela tem capacidade para se adaptar às mudanças produzidas no seu meio ambiente e de modificar o comportamento organizacional. Esses mesmos autores apresentam três diferentes perspectivas para esse tipo de organização, a saber: a perspectiva do desenvolvimento,7 a perspectiva da capacidade8 e a perspectiva normativa9 (DiBella e Nevis, 1998; Bouchard, 1994; Bouchard e Corriveau, 2002; Rocha, V., 2003, 2004; Bengle e Laurin, 2001).

Em se tratando dessa última abordagem, Senge (1999, 2002) atribui a importância da existência de algumas condições internas para se atingir esse nível de organização, dentre as quais, o domínio de alguma disciplinas de aprendizagem: domínio pessoal, modelos mentais, visão compartilhada, aprendizagem em equipe e o pensamento sistêmico (organização que aprende) (Senge et al., 2000a; Rocha, 2004). Nessa perspectiva normativa da organização que aprende, encontramos vários modelos de processo de aprendizagem,10 mas o que mais se aproximou dos nossos objetivos foi o modelo Os ciclos da aprendizagem11 de McCabe e Dutton em Schools that Learn (Senge et al., 2000b: 93) construído para ser desenvolvido nos contextos mais complexos dentre os quais se situa o meio educacional.

O que segue permite conhecer as diferentes etapas da metodologia aplicada no processo de intervenção ao mesmo tempo em que situa a evolução da construção coletiva sobre a nova proposta universitária a partir de diferentes visões individuais, culminando com a definição dos grandes eixos norteadores.

 

Da “universidade ideal” à definição de seus eixos estruturantes

Esta seção apresenta o dispositivo metodológico utilizado durante a aplicação do modelo de base Os ciclos da aprendizagem (McCabe e Dutton em Senge et al., 2000b). A figura 1 fornece uma visão geral da sequência dada a essa experiência. Ela foi dividida em quatro fases: observação, reflexão (reconsideração, reconexão, requadragem), decisão e ação, que foram desenvolvidas de forma cíclica e interativa. O primeiro ciclo desse modelo foi construído com base no modelo de Kolb (1984) e o segundo ciclo na teoria de Argyris e Schön (1978). Nesse movimento circular, fez-se a coleta, o tratamento, a análise, a verificação e a validação dos dados, com a ajuda do programa NVivo.12 Faremos uma breve abordagem sobre cada uma das etapas.

Figura 1. Modelo: Os ciclos da aprendizagem

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Fuente: McCabe e Dutton em Senge et al., 2000b.


Operacionalização do dispositivo metodológico

Após várias reuniões para definir os objetivos pretendidos com o trabalho da Comissão, concluiu-se a necessidade de utilizar uma estratégia que permitisse o engajamento dos membros da Comissão, respeitando a heterogeneidade presente em cada um dos seus perfis.  Um estudo sobre o histórico das ações nos aspectos legais, políticos, técnicos, científicos, que sustentam a concepção da proposta se fez necessário, de forma a estabelecer a metodologia a ser conduzida no encaminhamento do processo. Em linhas gerais, a metodologia utilizada esteve embasada num processo reflexivo que contempla momentos de observação da realidade concernente ao objeto em discussão; de reflexão guiada por questões específicas favorecendo o diálogo e a discussão; reconsideração de conceitos e práticas adotadas; reconexão com outras experiências históricas ou da atualidade; requadragem (reformulação ou reelaboração) de ideias a partir dos novos dados emergentes; tomada de decisões coletivas encaminhadas para a ação.

A pauta elaborada para os primeiros encontros, seguiu a metodologia descrita acima que contempla as quatro grandes fases de um processo de aprendizagem: a primeira fase, da observação, consistiu na apresentação sobre a UNILA, ou seja, foi exposto pelo presidente da Comissão as informações pertinentes sobre a constituição da mesma: Portaria SESu num. 43, Exposição de Motivos, abrangendo sua origem e seu perfil segundo o projeto de Lei, bem como as competências da Comissão. A exemplo da ilustração apresentada (figura 1), num momento determinado (a reflexão) as discussões partiram do ciclo inicial (primeiro círculo: observação, reflexão, decisão e ação) para se engajar num segundo ciclo de reflexão (reconsideração, reconexão e requadragem). Essa segunda fase permitiu alcançar o nível da meta-reflexão, ou seja, o de refletir sobre a maneira pela qual pensamos, tentando compreender a racionalização que levou a um determinado pensamento ou ação.

Questões reflexivas nessa segunda fase não somente permitiram discutir sobre a realidade atual e reconsiderar os encaminhamentos efetuados, dando abertura para novos direcionamentos, como também possibilitaram aos membros da Comissão o desenvolvimento de uma visão individual e compartilhada sobre a UNILA, através de exercícios reflexivos, guiados por duas questões-chave. A primeira: Qual seria o tipo ideal de uma Instituição com a vocação da UNILA? e a segunda: Na avaliação da universidade pública brasileira, quais as características que não deveriam ser adotadas pela UNILA, ou ainda, quais poderiam ser preservadas? Ou seja, para atingir esse objetivo, os membros se submeteram à tarefa de expressar de forma escrita sua visão ideal e contemporânea de universidade, com ênfase em alguns quesitos específicos.

As ideias gerais que emergiram dessa reflexão13 e que se encontram sintetizadas no final deste artigo, transformaram-se em visão compartilhada na medida em que as mesmas foram socializadas num clima de diálogo e discussão, elementos essenciais dentro de um processo de aprendizagem em equipe, que requer o saber ouvir, a atenção, o equilíbrio na argumentação, a clareza ao expor suas próprias intenções. O conhecimento de outras concepções sobre um mesmo objeto permitiu não somente desenvolver uma visão sistêmica do pensamento do grupo como também reconstruir os próprios conceitos. Considerou-se fundamental estabelecer um diálogo com as experiências já existentes paralelamente à construção de uma nova proposta. Para tanto, no momento da reconexão do modelo de base14 que consistiu não somente em diagnosticar os organismos e universidades latino-americanas potencialmente parceiras da UNILA e suas possibilidades de cooperação, foram registradas as sugestões dadas pelos membros da CI-UNILA, sobre experiências significativas que poderiam ser objeto de workshops, permitindo o enriquecimento do processo de concepção e construção de uma proposta inovadora para a UNILA.

Em decorrência disso, de um lado foram realizadas visitas técnicas para conhecer os projetos e programas desenvolvidos por outras instituições e de outro, especialistas e representantes de renomadas instituições nacionais e internacionais foram convidados para falar de suas experiências.

Nessa etapa, a participação de pesquisadores e autoridades regionais permitiu ampliar o conhecimento sobre diversas temáticas dentre as quais a região fronteiriça e discutir problemáticas relacionadas ao desafio da integração regional. Documentos relevantes, a exemplo de “Diretrizes para a universidade do século XXI, estudo sobre documentos de entidades internacionais” (UNESCO, 1998; 2009) constituíram-se em objeto de estudo e análise num processo contínuo de aprendizagem. Algumas preocupações foram manifestadas: o compromisso das universidades para com os pressupostos da justiça e da solidariedade e do comprometimento com a democracia e com a memória dos povos; a necessidade de diferentes abordagens de ensino sobre a América Latina; a aproximação da UNILA com a educação básica; a área da biodiversidade como vocação natural da região, a questão do bilinguismo inerente ao processo, o sistema de avaliação e de tutoria no processo ensino aprendizagem. Um olhar sobre as experiências construídas com a União Europeia e reformas universitárias permitiu aprofundar a reflexão sobre o tema legitimando as discussões anteriores da Comissão. 

Dentre as ações, realizou-se um diagnóstico sobre a educação básica, graduação e pós-graduação no Estado do Paraná onde está instalada a universidade, como também sobre a oferta de cursos na América Latina e que se transformou em documento de apoio para o trabalho dos membros da CI-UNILA e para o Relator da Comissão de Educação no Congresso Nacional quando da tramitação do projeto para sua aprovação.15 Também nessa fase foi proposta pelo presidente da Comissão uma consulta internacional com diversos especialistas renomados da América Latina e Europa sobre a visão de uma nova universidade.

A fase da requadragem (ou reestruturação do pensamento) compreendeu a reformulação de ideias e conceitos e foi o momento em que se questionou de forma compartilhada e através da autorreflexão a aplicabilidade, os benefícios e as repercussões que poderiam produzir o projeto que vinha sendo construído como resultado de todas as reflexões, discussões, contribuições, estudos e pesquisas que foram-se acumulando ao longo dos anos de trabalho da Comissão,16 com a preocupação manifesta de que sua implementação deveria estar associada à sua concepção.

A etapa da decisão, terceira fase do processo metodológico, compreendeu a apresentação do cronograma de atividades e o planejamento de ações a serem executadas nos anos subsequentes, construídas coletivamente e com ênfase na definição de temas a serem pesquisados pelos participantes para complementar as informações demandadas, ou ainda de tópicos concernentes a: relações interinstitucionais, tramitação do projeto UNILA no Congresso Nacional, relatórios para o Ministério, biblioteca da UNILA, projeto arquitetônico, recrutamento de professores brasileiros e estrangeiros (visitantes, seniores), seleção de alunos e funcionários técnico-administrativos.

Também foram criadas Subcomissões de Planejamento para: estrutura dos cursos, acompanhamento do projeto do Campus Universitário (Niemeyer), aquisição de livros para o projeto Biunila & Imea financiado pelo Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL, FOCEM, bem como GTs Executivos (grupos de trabalho) para tratar de assuntos relacionados à audiência pública, primeiro ciclo de estudos, residência estudantil, convalidação de diplomas. Esses grupos foram formados por membros e assessores da CI-UNILA e especialistas convidados de outras instituições, reforçando ainda mais a reconexão com outras universidades.

Foi definida a instalação e o funcionamento do Instituto MERCOSUL de Estudos Avançados (IMEA), iniciando suas atividades com um Programa de Cátedras Latino-Americanas, onde a partir destas seriam pensadas as linhas de pesquisa, a graduação e a pós-graduação. Previu-se a reunião e a instalação do Conselho Consultivo Latino-Americano; a realização do I Colóquio Internacional: Educação para a Integração Latino-Americana, do VII Encontro Internacional do Fórum Universitário Mercosul (FoMerco),  que foi sediado pelo IMEA com a temática “Integração da América Latina” e o Curso Latino-Americano de Políticas e Avaliação da Educação Superior (CLAEPPAES) com o apoio da Instituição Tutora da UNILA, a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A definição de estratégias de ação, quarta fase do dispositivo metodológico, facilitou a operacionalização das atividades previstas e seus resultados apresentados periodicamente enriqueceram e forneceram subsídios para novos processos reflexivos. Cabe ressaltar que a visão sistêmica (ver figura 2) se ampliou ainda mais entre os membros da Comissão quando o foco passou a ser a distância existente entre a situação desejada e a realidade dentro de um contexto relacional de causa e efeito. Isso reforçou a teoria da tensão criadora inerente na disciplina de domínio pessoal, um dos componentes apresentados como essenciais num processo de construção de uma comunidade que aprende.

Figura 2. Visão sistêmica do objeto investigado

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Segundo essa concepção, a partir de uma visão clara do futuro, uma motivação intrínseca leva a aproximar-se daquilo que se deseja (Senge et al., 2000a: 227). Todavia, devida sua complexidade é preciso desenvolver a capacidade de fazer emergir os pensamentos e compreender os próprios raciocínios. Nesse sentido, a disciplina modelos mentais teve seu papel importante. Nessa disciplina são privilegiadas as técnicas que provém da ciência-ação, onde encontramos os teóricos e educadores Chris Argyris e Donald Schön. Essa teoria “visa analisar a racionalidade e as atitudes que sustentam a ação humana e a favorecer a aprendizagem nas organizações e nos outros sistemas sociais” (Senge et al.; 2000a: 276).

 

A coleta, o tratamento e a análise dos dados

A transcrição integral dos dados advindos dos documentos escritos, discussão dos participantes, notas coletadas durante a observação participante e dos exercícios guias, passou por um processo de destilação dos dados. Esse processo foi orientado pelas técnicas de análise de dados qualitativos (Huberman e Miles, 1991) e da teoria ancrée (Glaser e Strauss, 1967).

Os dados coletados passaram, inicialmente, por um processo de organização, em que ideias similares e diferentes foram reagrupadas, permitindo uma visão global sobre o pensamento individual e coletivo dos membros da Comissão. Buscou-se na utilização do software de análise qualitativa NVivo, fazer o tratamento de dados, tendo como ponto de partida as categorias pré-estabelecidas na primeira questão: vocação, estrutura acadêmica e gestão, perfil dos cursos e, ou pesquisas, projeto pedagógico, relação universidade-sociedade, cooperação com América Latina, formas de recrutamento e seleção de professores, perfil do aluno e forma de seleção. Aliada a essas unidades de análise, alguns códigos (conceitos) emergiram desse processo permitindo uma subdivisão das mesmas.

Ás categorias de análise pré-definidas, juntaram-se num primeiro momento as opiniões manifestadas pelos participantes e extraíram-se os conceitos considerados mais significativos do material bruto. Procurou-se ainda utilizar as palavras “vivas”, isto é, aquelas utilizadas pelos participantes e permanecer o mais próximo possível dos dados. No tocante a segunda questão apresentada aos membros da CI-UNILA, foi realizado diagnóstico crítico sobre as universidades federais públicas atuais. Fez-se inicialmente de forma individualizada e aleatória, respeitando, porém, as duas vertentes presentes na questão formulada sobre a visão da realidade atual: as características que não deveriam ser adotadas pela UNILA e/ou aquelas que poderiam ser preservadas ou adotadas.

Num segundo momento os dados foram organizados aproximando as ideias similares e distintas. Em suma, as atividades consistiram em: a) reagrupar os conceitos obedecendo a ordem da transcrição das respostas e, posteriormente, aos códigos pré-definidos e emergentes, sendo verificados os conceitos similares com especial atenção à frequência do mesmo; b) analisar os conceitos com base nas seguintes perguntas: Quais são os temas que esses reagrupamentos parecem descrever? Qual é a correlação dos conceitos? Quantas vezes eles foram mencionados? Qual o perfil do participante que deu atenção a esse conceito?

Esses dados foram tratados de forma temática imediatamente após cada encontro. O resultado dessa organização foi apresentado aos participantes em forma de quadro sintético segundo as categorias listadas anteriormente e dentro de um formato de duas colunas, conforme veremos a seguir.

 

A apresentação e validação dos dados

Para facilitar a apresentação e validação dos resultados, procurou-se na recensão dos escritos, uma estratégia oriunda dos estudos sobre o récit d´apprentissage, que se constitui uma forma de descrição da história de uma experiência, expressa no formato: Jointly told tale (Roth e Kleiner, 2000: 5), onde o pesquisador e os participantes contam ou elaboram a história juntos. Essa estratégia segundo seus autores, pode ser utilizada como um documento base de discussões e reflexões feitas na instituição, oportunizando a disseminação das informações aos demais membros do grupo ou organização ou ainda, podendo ser utilizada com o intuito de aprofundar ou concretizar ideias emergentes desse processo (Roth e Kleiner, 2000: 6). Inspirada nessa nova forma de exposição de resultados, adaptamos essa dinâmica ao processo de construção de uma visão coletiva sobre a nova universidade. O récit (figura 3) possui um formato de duas colunas, composto de sessões temáticas:

Figura 3. Um novo formato para apresentar a história de um projeto (Roth e Kleiner, 2000)

figura3

No alto do texto se encontra o tema abordado seguido de uma especificação do mesmo, relacionado a algo que foi desenvolvido numa determinada fase, encontro ou etapa do processo. A coluna mais larga do texto situada no lado direito contém as ideias dos participantes nas suas próprias palavras, tiradas diretamente dos dados primários das discussões e encontros.

A coluna esquerda do texto fornece espaço para registro de questões, análises, generalizações feitas pelos demais membros (externos e internos) no seu processo de leitura e análise. No nosso trabalho, fomos cuidadosos em maximizar a diversidade das perspectivas e assegurar a fidelidade dos dados.  Isso representou o início da construção coletiva sobre a nova universidade, cujo resultado final, apresentado no formato de duas colunas, foi validado pelos participantes e transformou-se na matriz do novo projeto universitário.

 

Perfil da nova universidade na visão dos seus construtores

Esta seção se destina a apresentar de maneira ainda incipiente, porém representativa, o resultado de uma longa trajetória reflexiva, que mostra como a organização da nova universidade toma forma num dado momento de seu processo de construção coletiva. Naturalmente, teve avanços que indicam o aprofundamento de cada tópico trabalhado.

Se iniciará apresentando algumas dimensões do diagnóstico crítico sobre o atual sistema de organização das universidades federais brasileiras. Não se trata de um diagnóstico abrangente, mas de alguns tópicos referidos pela maioria dos participantes da Comissão sobre a estrutura acadêmica e administrativa dominantes entre essas universidades que deveriam ser evitados no projeto da UNILA. Em seguida, se apresentará os primeiros eixos que deram origem ao projeto estrutural e acadêmico da instituição. Finalmente, se fará algum abordagem sobre as contribuições gerais de consultores internacionais.17

No tocante às unidades temáticas citadas anteriormente, observa-se que as concepções são convergentes entre os membros da CI-UNILA, seja no que concerne à atual conjuntura do ensino superior seja sobre suas perspectivas futuras. A atual estrutura de gestão das universidades brasileiras se organiza de forma hierarquizada e burocrática, segundo a Lei Universitária de 1968, elaborada durante a ditadura militar (1964-1981). Apesar de estruturarem-se através de Departamentos, como a menor unidade acadêmico-administrativa, as universidades foram obrigadas a implantar um conjunto de órgãos colegiados que se superpunham afetando por exemplo, os poderes tradicionais dos Departamentos pré-existentes.18 A consequência é que, adotando o sistema departamental, tirou-se a autonomia destes para alterar seus currículos,

tornando-o um órgão burocratizado para a distribuição das tarefas acadêmicas dos cursos. Assim, adotam currículos tradicionais centrados em disciplinas, vinculadas a uma área disciplinar, reproduzindo mecanicamente o modelo de cursos e carreiras. Além do que, a compartimentalização do conhecimento extrapola a sala de aula atingindo outros espaços, onde se verifica a existência de modelos rígidos e burocráticos na estrutura acadêmica, gestão e avaliação, estando esta última inserida dentro de um sistema centralizador em que aspectos quantitativos sobrepõem-se aos qualitativos. O conjunto desses fatores aliado à falta de recursos torna a gestão difícil de ser conduzida. A isso se agrega a falta de capacitação de recursos humanos, no que concernem funções acadêmicas e administrativas.

Nos discursos proferidos por um grande número de especialistas, fala-se da importância do conhecimento abrangente, mas pouco se pratica no âmbito dos estudos multi ou transdisciplinares. Para alguns, os “campos acadêmicos” tem muros sólidos e poucas vias comunicantes. Verifica-se a ênfase nas chamadas ciências “duras” em detrimento de outros saberes das áreas de ciências humanas, não sendo diferente com relação às línguas estrangeiras onde a língua inglesa ocupa um espaço superior em relação às demais. A separação entre a graduação e a pós-graduação é sempre referida como um dos pontos que não deve-se reproduzir na UNILA. Na pós-graduação o problema se acentua quando se observa a falta de planos de estudo mais orgânicos. Observa-se que a ação do professor está orientada para o seu campo de investigação, provocando dessa forma a oferta de disciplinas monográficas e fragmentadas também nesse nível de ensino. Outro aspecto mencionado está relacionado ao elitismo do acesso ao ensino superior através dos exames de seleção tradicionais o que faz da universidade uma instituição distante da realidade local. Em se tratando dos estudantes que frequentam as universidades, constata-se o baixo índice de intercambio entre alunos, professores e instituições. Finalmente, questiona-se o papel que as universidades públicas vêm desempenhando em sua inserção na sociedade. Se de um lado buscam tornarem-se centros de produção da inovação, da tecnologia e da pesquisa, com cursos de mestrado e doutorados, de outro, esse conhecimento acadêmico destina-se mais a produção cientifica dos professores do que para oferecer benefícios a sociedade. Ressalta-se ainda as dificuldades de acesso dos acadêmicos brasileiros a produção científica dos países latino-americanos, inclusive, por sua relação mais forte com os Estados Unidos e Europa.

Essas ideias manifestadas pelos membros da CI-UNILA constituíram-se em elemento fundamental no processo de elaboração de um projeto universitário inovador, contribuindo para a criação de uma visão idealizada sobre a universidade e a definição de seus eixos estruturantes conforme veremos no quadro a seguir, composto de três grandes partes: aspectos gerais, organização acadêmica e relações nacionais e internacionais e cooperação solidária.

Em seguida se apresenta o texto de acompanhamento metodológico e temático com a intenção de mostrar a matriz originária do projeto da UNILA, concebida com base nas reflexões realizadas durante o desenvolvimento do modelo de base pelos membros da Comissão. Os eixos temáticos foram confrontados com as ideias apresentadas pelos especialistas internacionais onde foi possível verificar um grande esforço multidisciplinar e uma grande convergência de ideias que podem ser constatadas no livro: Consulta Internacional (IMEA, 2009b)

Acompanhamento metodológico e temático

Tema

Unidades de análise

Perfil da UNILA

  • Aspectos gerais
  • Organização acadêmica
  • Relações nacionais e internacionais e cooperação solidária

 

PARTE 1. Aspectos gerais

Denominação da Instituição

Sede

A sede acadêmica será no terreno doado pela Itaipu Binacional e a residência universitária em terreno doado pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil.

Estrutura Física

Missão/objetivos


Missão

“Contribuir por meio das atividades de ensino, pesquisa e extensão, próprias das instituições universitárias, para uma América Latina mais justa, plural, democrática e solidária, procurando desenvolver, através do conhecimento, uma cultura de integração entre os povos latino-americanos que valorize o estudo de questões sociais, econômicas e culturais, em áreas de interesse comum à região e a inserção soberana do continente no contexto internacional”.

Objetivos

Estruturação acadêmico-administrativa


Composição

Estrutura e gestão: princípios orientadores

 

PARTE 2. Organização acadêmica

Gestão Acadêmico-Pedagógica

Áreas/Eixos temáticos estruturantes (classificação CNPQ)

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas - Oferta e/ou articulação entre:

Comunicação, Letras e Artes19

Ciências da Vida

Engenharias, Ciências Exatas e da Terra

     Obs.- Tecnologias (Inovação tecnológica) e Línguas, permeando todas as áreas (e questões ambientais como eixo para todos os cursos).

Organização do ensino/aprendizagem

Organização curricular

Composição do quadro docente e discente

Perfil dos Professores20

Recrutamento de professores

Seleção

Perfil dos Alunos

Recrutamento de alunos

Seleção

 

Interrelação entre o ensino, a pesquisa e a extensão


Quanto aos Cursos de Graduação e Pós-Graduação

Quanto à pesquisa

Quanto à extensão

PARTE 3. Relações nacionais e internacionais e cooperação solidária

Relação Universidade/Sociedade

a) Espaço Comum de Educação Superior do Mercosul e Ibero-americano.
b) Parlamento do MERCOSUL (e outros blocos).
c) União Europeia e demais regiões (cooperação).
d) Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
e) Academias diplomáticas latino-americanas.
f) Instituto Rio Branco.
g) IPRI – Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais.
h) Instituições já existentes (Ex. Merco cidades, Mercounivercidades e Fomerco).
i) Instâncias de Poder.
j) Comunidade.

Cooperação solidária: Brasil e países da America Latina

No tópico seguinte nos limitaremos a expor somente algumas ideias diretoras por considerar que o propósito deste artigo foi o de apresentar o processo de definição do desenho institucional de um projeto para uma nova universidade.

 

Contribuição internacional e sua integraçao com o projeto da universidade

O principal desafio na elaboração do projeto da UNILA consistiu em buscar atender a dois objetivos: o de ser uma universidade vocacionada para a América Latina e, ao mesmo tempo, uma universidade para o século XXI. Isso pressupôs a compreensão das transformações em curso no mundo globalizado e seu impacto sobre o modelo tradicional das universidades contemporâneas que requer estruturas universitárias alternativas associadas a novas formas de organização acadêmica e de gestão do conhecimento, a composição de eixos estruturantes nas áreas das ciências e humanidades, o intercâmbio com outras universidades da América Latina e de outros continentes e o estabelecimento de novos processos de seleção de alunos, docentes e pesquisadores.

Todas essas questões de natureza conceitual e organizacional foram consideradas sob o prisma da integração regional, mas sem perder de vista a importância estratégica da inserção da América Latina no contexto internacional e na sociedade do conhecimento. Conforme exposto no seu Plano de Desenvolvimento Institucional, a UNILA propõe-se a “produzir a máxima qualidade acadêmica com a máxima qualidade social” sob a inspiração de uma “ética que respeite a diversidade e os direitos humanos universais”. Nesse sentido a missão da UNILA pode ser analisada sob dois enfoques: a) o serviço da integração latino-americana e b) dentro de uma vocação inovadora necessária das universidades.

 

O serviço da integração latino-americana

A universidade latino-americana se tornou um ator institucional no processo de integração da América Latina num contexto instável de avanços e recuos. O reconhecimento de sua importância estratégica manifestou-se pela primeira vez, há varias décadas num dos coletivos universitários mais importantes da região: a União de Universidades de América Latina (UDUAL). Em Lima, na V Assembléia da UDUAL, foi estabelecido um conjunto de recomendações que se tornaram diretrizes a serem adotadas pelas universidades da região. No entanto, a maior parte dessas recomendações pertinentes não passou de boas intenções. Na esteira dessa tomada de consciência, coube às universidades assumirem o seu destino histórico contribuindo para efetivar esse papel integracionista que estão convocadas a realizar.

A UNILA, assim como outras Universidades, tem a obrigação de assumir a liderança do “processo de integração espiritual e cultural da América Latina, reconhecendo que a integração é fundamentalmente um processo cultural, largo e complexo, que não pode realizar-se à margem da universidade” (Mix, 2009: 297). Por isso a necessidade de que se contribua à formação de um pensamento integracionista e isso implica a compreensão da história das ideias, da cultura, da educação, da literatura. Faz-se necessário também, posicionar-se diante da nova realidade mundial e propor uma nova agenda latino-americana: assumir o estudo da integração latino-americana em seus aspectos econômicos, sociais, culturais, ecológicos, políticos, como tarefa universitária. Além dos campos fundamentais da integração mencionados, outros aspectos são considerados pertinentes no plano da integração continental: o econômico-comercial e o científico. Ressalta-se que é preciso criar uma linha de estudos que integre com categorias de valor os aspectos multiculturais das diversas raízes da América Latina.

Alguns eixos são imprescindíveis nesse processo: o eixo histórico onde se possa mostrar, a “invenção histórica da América Latina”, rompendo com as naturalizações frequentes desde as últimas décadas; o eixo dos processos reais de integração, que compreende tanto as iniciativas políticas supranacionais (MERCOSUL, CELA, Pacto Andino) como as formas mais informais de integração, dentre as quais as relações entre intelectuais, investigadores científicos, movimentos diversos, artistas, etc.; e um terceiro eixo que seria o analítico, buscando os desafios e as dificuldades dos processos de integração, examinando potencialidades e riscos (Kreimer, 2009: 315).

 

Vocação inovadora necessária das Universidades

Dentro de uma perspectiva da importância do papel das universidades no cenário contemporâneo, como instituições quase milenares no desenvolvimento das sociedades, existe a necessidade de se considerar as modificações que deveriam decorrer das novas condições apresentadas pelas sociedades contemporâneas. Nesse contexto vários desafios se apresentam para à UNILA no sentido de refletir de forma criativa e imaginativa sobre o que pode ser agregado para que ela venha a desempenhar, de forma articulada, os novos papeis. A UNILA deve ser pluralista, mas precisa estruturar áreas prioritárias nas quais assuma efetivamente liderança acadêmica, passando a ser uma referência internacional de qualidade e profissionalismo, sendo uma universidade de excelência (Coutinho, 2009: 283). Cabe a ela também contribuir a gerar um ideário dinâmico da integração onde através da formação de recursos humanos se possam melhorar as políticas para lograr democracias participativas, sociedades comprometidas com a equidade em suas múltiplas dimensões e estratégias de desenvolvimento baseadas no trabalho digno, criativo e estimulante para todas as pessoas (Rivera, 2009: 287).

A nova universidade será autônoma, pública e terá como missão ser uma comunidade de aprendizagem, de ensino, de pesquisa e difusão da cultura no nível mais avançado. Diferentemente da complexa e pesada estrutura da universidade tradicional, se organizará através da articulação de redes centrada no ensino e nas pesquisas inter e transdisciplinares. Buscará oferecer ao aluno que participa de seus programas de estudo e investigação, uma grande diversidade de meio ambiente de aprendizagem com o fim de oferecer-lhe uma multiplicidade de possibilidades educativas como laboratórios, oficinas, práticas e trabalhos de campo, estudo independente. Isso requer o desenvolvimento de novos princípios de cultura acadêmica, tais como: a atenção a uma ampla, crescente e diversa demanda social; a construção de uma instituição de organização complexa para fazer possível a interdisciplinaridade e uma aprendizagem significativa para toda a vida; a autonomia institucional de seu “que fazer” para determinar seus currículos, planos e programas de estudo e seus perfis de egresso, suas formas de governo e o uso e manejo responsável de seus recursos; a formação de cidadãos com a mais ampla capacidade para intervir na vida pública, cultural, profissional, científica e técnica; a gestão de sua mais elevada qualidade e pertinência social, e de sua plena participação no local, regional, nacional e internacional (Didriksson, 2009: 22).

Essas e as demais contribuições nacionais e internacionais inspiraram a elaboração do Projeto Político Pedagógico e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UNILA que se encontra em fase de elaboração.21 Trata-se de uma exigência contida nos termos do art. 15 do Decreto 5773/2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino, adaptado as especificidades do perfil e da vocação da instituição. Nele está inserida sua filosofia de trabalho, sua missão, as diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, sua estrutura organizacional e as atividades acadêmicas que desenvolve e/ou que pretende desenvolver.

 

Conclusão

O objetivo desse artigo foi descrever o processo de construção de um projeto universitário voltado para a integração latino-americana, com o propósito de demonstrar que a partir da metodologia adotada oriunda da perspectiva da organização que aprende e fundamentada na corrente da aprendizagem pela ação poderíamos desencadear um processo reflexivo sob duas óticas: de um lado, partindo de uma reflexão individual para a coletiva e de outro, de uma visão ideal para a visão atual.

Nessa dinâmica os membros da Comissão foram confrontados com seus próprios modelos mentais e evoluíram suas visões institucionais e acadêmicas por meio da autorreflexão associada ao compartilhamento de concepções. A visão do futuro almejado para a universidade, construída individualmente e coletivamente pelos atores envolvidos, e a percepção da distancia entre o ideal e a realidade, levaram os membros da Comissão a estabelecer novos objetivos e desafios para o projeto da nova universidade que contemplava não somente elementos “extrínsecos” à missão da universidade: a formação, a pesquisa e a extensão, mas, sobretudo elementos que são inerentes a essa missão, e que compreende dentre outras coisas, o “compromisso social” como bandeira da Reforma de Córdoba em 1918 (Sader et al, 2008), conceituado como pertinência nas Conferências Mundiais da UNESCO.

Finalmente, o exercício realizado a partir da metodologia referida, permitiu que os membros da Comissão de Implantação tivessem o apoio metodológico para desenvolver suas atribuições na elaboração do projeto da UNILA,22 como também demonstrou que é possível através de uma dinâmica de aprendizagem em equipe desenvolvida num ambiente favorável a discussão e ao dialogo construtivo, ultrapassar os paradigmas existentes no ensino superior e construir um projeto universitário que possa responder aos desafios do século XXI.

Essa contribuição concreta à produção de um novo projeto de universidade beneficiou-se de contribuições internacionais vindas de diferentes países, o que permitiu melhor compreender, através da perspectiva comparativa, as convergências e diferenças com relação ao sistema brasileiro. Ficou-nos a convicção que todos estamos buscando no contexto da crise dos modelos universitários atuais, novas orientações e diretrizes para reestruturar as universidades latino-americanas, cuja tradição histórica produziu uma identidade própria na comparação com as instituições dos outros continentes. Hoje, mais do que nunca a sobrevivência da instituição universitária dependerá de sua capacidade de manter um equilíbrio dinâmico entre pertinência, qualidade e equidade.

 

 


* Doctora en Educación por la Université de Sherbrooke, Québec, Canadá; Especialización en Orientación Educacional por la Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG-PR). Professora visitante y secretaria de Relaciones Internacionales de la Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Fue Coordinadora Técnica-Científica de la Unidade Gestora do Fundo Paraná, de la Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Brasil. Temas de investigación: desarrollo profesional y organizacional; formación continua. elianevrocha@hotmail.com Regresar

 

1. A Comissão de Implantação (CI) da UNILA foi instituída pela Secretaria de Educação Superior/Ministério da Educação (SESu/MEC), por meio da portaria n. 43 de 17 de janeiro de 2008, presidida por Hélgio Trindade, professor titular de Ciência Política, ex-Reitor da UFRGS, membro da Câmara de Educação Superior do CNE, atual Reitor da UNILA. Foi constituída por treze membros, especialistas, escolhidos por sua competência no âmbito latino-americano e internacional, com o apoio de assessores técnicos. Regresar
2. O projeto se baseou numa lógica de complementaridade em que o aprofundamento das ideias seguiu uma trajetória específica baseada no modelo «os ciclos da aprendizagem» (McCabe e Dutton, em Senge et al., 2000), e na aprendizagem pela ação (Rothwell, 1999; Dean, 1998; Gibson, 2000; Revans, 1998; Dotlich e Noel, 1998; Payette e Champagne, 2000), combinando as percepções individuais com o trabalho de elaboração coletiva. Regresar
3. Em seu livro Creating Entrepreneurial Universities: Organizational Pathways of Transformation, Kidlington, England (pp. 19-68), traduzido para o espanhol (Clark, 2000), Burton R. Clark desenvolve uma pesquisa sobre algumas universidades da Europa que fizeram um grande esforço nos anos 80 e no início dos 90 para tornarem-se mais inovadoras e até agressivamente empreendedoras. Regresar
4. Como assessora técnica educacional da Comissão de Implantação da UNILA, coube-me a tarefa de dar o apoio pedagógico na elaboração do projeto da universidade com base numa metodologia que permitisse desencadear as primeiras discussões e acompanhar o processo de construção dos principais eixos temáticos da nova universidade. Regresar
5. Nessa perspectiva, conta-se com a participação de pessoas que dispõem de competências específicas, denominadas por alguns autores como mentor (Schön, 1994), parceiro (Senge, 2000a), (Senge, 2000b), animador ou coach (Payette et Champagne, 2000), pessoa-recurso (Payette, 1988), consultor (Lescarbeau, 1996), facilitador ou grupo animador (Rothwell, 1999) ou ainda tutor. Regresar
6. Através dela é possível desenvolver uma visão individual, compartilhada e sistêmica da instituição, construída, mediante o diálogo entre os seus pares. Regresar
7. A perspectiva do desenvolvimento coloca a organização que aprende num contexto da história da organização, onde a capacidade de atingir o status de organização que aprende está associada aos seus administradores e a sua experiência de vida. Ela se adapta e evolui no decurso de suas experiências, de suas crises e de seus fracassos. Regresar
8. A perspectiva da capacidade considera que a aprendizagem é um processo contínuo em que o mais importante é compreender como e onde se desenvolve o processo de aprendizagem e que tipo de aprendizagem acontece, ou seja, ela presume que não há maneira ideal para a organização que aprende, pois o processo de aprendizagem está inserido na estrutura e na cultura da própria organização. Regresar
9. Na perspectiva normativa, a organização que aprende está associada a um conjunto específico de condições internas e supõe que ela se forma a partir da iniciativa e das escolhas estratégicas dos principais administradores que criam a condição ideal para que se produza a aprendizagem. Isso prevê o desenvolvimento e a utilização de habilidades específicas. Regresar
10. Referimo-nos aos modelos: A roda da aprendizagem (individual e de grupo) criada por Ross, Smith e Roberts (Senge et al., 2000a: 72); As rodas (ciclos) da aprendizagem de McCabe e Dutton (Senge et al.,2000b: 93) e o Ciclo da aprendizagem organizacional, do qual os autores são Dixon e Ross (Senge, 1999: 436). Regresar
11. Modelo também chamado de Rodas da aprendizagem. Regresar
12. Esse programa informatizado representou uma ferramenta importante no processo de tratamento de dados, aliado aos diversos referenciais teóricos (Deslauriers, 1991; Gauthier, 1997; Kleiner e Roth, 1996; Lessard-Hébert e Boutin, 1995; Mukamurera, 2001; Paillé e Mucchielli, 2003; Pourtois e Desmet, 1997; Savoie-Zajc, 2000;  Strauss, 1987; Strauss e Corbin, 1990; Glaser e Strauss, 1967; Huberman e Miles, 1991). Regresar
13. Essas ideias encontram-se relatadas no livro A Unila em construção (IMEA, 2009a). Regresar
14. Esse momento teve seu início no 2ª encontro da Comissão estendendo-se até a 5ª reunião da CI-UNILA. Regresar
15. Realizei esse diagnóstico enquanto assessora educacional da CI-UNILA. Partes desses resultados estão no livro A UNILA em construção (IMEA, 2009a). Outras informações encontram-se em documentos não publicados que compõem o acervo da instituição. Regresar
16. A Comissão de Implantação da UNILA foi instituída pela SESu-MEC, por meio da Portaria num. 43, em 17 de janeiro de 2008. Regresar
17. Somando-se às discussões que permearam as reuniões periódicas da Comissão de Implantação da UNILA, contribuíram significativamente para a elaboração do projeto universitário renomados especialistas de diversos países da América Latina e Europa, através de uma consulta internacional (IMEA, 2009b) cujas questões norteadoras perpassaram temas relacionados a missão da UNILA articulada com o contexto da mundialização e do crescente diálogo entre as culturas; eixos de uma proposta acadêmica de uma universidade pública brasileira num contexto de integração latino-americana; eixos temáticos, cursos e programas de pesquisas que deveriam compor o plano acadêmico-científico da UNILA; implicações da inter e transdisciplinaridade e complexidade das transformações do conhecimento para a estrutura acadêmica e projeto pedagógico nos campos das ciências e/ou das humanidades; inovações nas atividades de ensino, pesquisa e extensão considerando o recrutamento de professores e alunos oriundos de vários países latino-americanos; formas de seleção de alunos assegurando a igualdade de oportunidades entre candidatos de diferentes países da América Latina e a harmonização do local, regional e universal numa universidade voltada para os desafios da região. Regresar
18. Parte do poder atribuído aos departamentos em matéria de currículo dependia de comissões especializadas em graduação, pesquisa e extensão que, por sua vez, estavam subordinadas a um Conselho de Ensino e Pesquisa. Regresar
19. Na classificação do CNPQ, estes elementos estão incluídos nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Regresar
20. Considerar normativas das IFES (...):a) Existência de três conceitos de professores: substituto, equivalente e visitante; a) Professor visitante estrangeiro (contrato até 4 anos; doutores ou pessoas renomadas na área; tabela salarial pré-definida); c) Possibilidade criação de fundações de apoio – contrato de professores oferecendo melhores salários. Sugestão: criação de uma nova lei ou emenda para a contratação de professores para o quadro da UNILA. Regresar
21. Enquanto assessora educacional coube-me também a tarefa de participar da elaboração da matriz do PDI da UNILA que será submetida à apreciação do seu corpo docente e técnico-administrativo num processo de construção coletiva. Regresar
22. Os resultados desse trabalho foram incorporados no texto do livro A UNILA em construção (IMEA, 2009b),em sua Parte II, cujo titulo é “Construção da UNILA: da utopia à realidade”, pp. 59-156. Regresar

 

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Cómo citar este artículo

Vieira-Rocha, Eliane-Terezinha (2011), “Metodologia adotada para a construção do projeto universitario da UNILA”, en Revista Iberoamericana de Educación Superior (RIES), México, UNAM-IISUE/Universia, vol. II, núm. 5, http://ries.universia.net/index.php/ries/article/view/143 [consulta: fecha de última consulta].